A Superintendência da Polícia Federal no Acre esclareceu ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi) sobre o desfecho de um inquérito que apurava o assassinato de um indígena em situação de isolamento, ocorrido há 10 anos, no igarapé D’ouro, no Alto Rio Tarauacá. Morto a tiros, o índio isolado foi emasculado, mas o corpo desapareceu do Instituto de Medicina Legal do Acre.
Segundo o delegado Flávio Augusto de Araújo Pinheiro, no curso das investigações foram identificados e indiciados todos os responsáveis pela morte e ocultação do corpo do indígena, sendo que ao final, os autos foram remetidos à Justiça.
Quanto ao corpo do índio, segundo a PF, este de fato foi encaminhado para o Instituto Médico Legal, em Rio Branco (AC), para realização do exame necroscópico.
- Contudo, o seu destino após isso compete àquele Instituto e não é do conhecimento da Polícia Federal - acrescenta o delegado.
O indigenista Lindomar Padilha, coordenador do Cimi no Acre, disse que, embora a PF tenha respondido com presteza, “ainda tem muita coisa a ser explicada”.
- Pretendemos ir em busca dessas explicações. Vamos consultar o Ministério Público Federal para saber do andamento do inquérito e a situação dos indiciados e vamos requisitar também informações quanto ao destino do corpo - afirmou Padilha.
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Madeireiros
Um grupo de trabalhadores invadiu área ocupada por indígenas ainda sem contato com a sociedade nacional para retirar madeira para Auton Dourado de Farias, que era vereador no município de Jordão.
Surpreendidos pela presença de três índios isolados, os trabalhadores mataram um deles. Acionada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), a PF se deslocou até o local e comprovou que o indígena havia sido vítima de arma de fogo.
O corpo do índio, cujo sexo teria sido cortado com faca, foi encaminhado para Rio Branco e instaurado inquérito no qual aparecia como suspeito José Lourenço da Silva.
A Funai desconhece o destino do corpo do índio. A direção do IML até agora não se manifestou sobre o assunto.
Isolados reaparecem
No mês passado, os índios isolados reapareceram para uma equipe da Frente de Proteção Entnoambiental da Funai, nas cabecerias do rio Jordão, na fronteira com o Peru.
Quando a equipe, liderada pelo antropólogo Terria Vale de Aquino, acampou numa praia, os isolados lançaram flechas. Mas deixaram evidente que não tinham intenção de atingir a equipe ao lançar as flechas no entorno do acampamento.
Contudo, os índios da etnia kaxinawá que acompanhavam o antropólogo avançaram para dentro da floresta na tentativa de alcançar os índios em isolamento.
- Vejo aqui que os brabos são vocês e não eles - disse-lhes o antropólogo Terri Aquino, que está na região na tentativa de evitar mais conflitos.
Além de perseguidos por madeireiros, sobretudo em território peruano, os índios isolados têm sofrido a perseguição dos kaxinawá em território brasileiro.
Nas últimas duas décadas, alguns foram capturados e assassinados. Numa das vezes, os kaxinawá usaram uma faca para abrir o peito e comer o coração de um deles.
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