Quadrilha de médicos e empresários é acusada pela polícia de forjar documentos para justificar a compra de materiais e até de cirurgias fantasmas em hospitais públicos do Rio. Cinco pessoas já estão indiciadas por cinco crimes diferentes pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública. Entre elas está o chefe do setor de Neurocirurgia do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, o médico Carlos Henrique Ribeiro.
As compras de insumos e materiais hospitalares eram feitas pela Extencion, uma empresa que, desde 2007, recebeu mais de R$ 6 milhões apenas da Prefeitura do Rio. Seu dono é o empresário Jorge Figueiredo Moraes. Uma das fraudes ocorria na prestação de contas da compra de espirais de platina, peças caras usadas em cirurgias de pacientes com aneurisma cerebral.
Segundo a polícia, entre 15% e 25% do valor das espirais eram divididos entre os médicos da quadrilha, após a Extencion emitir notas fiscais de compra do material em quantidade superior à utilizada, tudo às custas dos cofres públicos.
Em pelo menos três casos, os pacientes não chegaram nem a receber o dispositivo, pois não houve necessidade. Desses, um ocorreu com uma mulher que sequer fora operada e se curou com tratamento à base de remédios. Entretanto, no prontuário médico assinado por Carlos Henrique Ribeiro, chefe da Neurocirurgia do Salgado Filho, constava o pedido de 12 espirais fornecidas pela Extencion. Pelo material que foi desviado, a prefeitura pagou R$ 26.760.
“Muitas vezes, as operações não eram necessárias e os médicos as realizavam somente para lucrar com a remessa das peças. Uma operação dessas custava aos cofres da prefeitura até R$ 30 mil e, às vezes, nem acontecia”, afirmou o delegado Fábio Cardoso.
Os suspeitos vão responder pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e formação de quadrilha. Os dois médicos também foram indiciados por corrupção passiva e os três integrantes da empresa, por corrupção ativa. As penas pelos crimes chegam a mais de 10 anos de prisão.
A Polícia Civil também apura indícios de irregularidades em licitações do governo federal vencidas pela Extencion. Ao todo, a empresa recebeu cerca de R$ 120 milhões da União nos últimos anos três anos.
Entre os serviços contratados, estão o de fornecimento de materiais para unidades como os hospitais Central do Exército, Geral de Bonsucesso e Universitário Antônio Pedro (Niterói). Segundo a polícia, além de dono da Extencion, Jorge Figueiredo Novaes controlava duas empresas: a Ortoneuro e a Medical Weck, que tem sua filha no quadro societário. “Caso as irregularidades sejam comprovadas, vamos enviar o material para a Polícia Federal”, afirmou o delegado Fábio Cardoso.
A Secretaria Municipal de Saúde também colabora nas investigações e já afastou Carlos Henrique e Wagner Munemori Mariushi, os médicos do Salgado Filho envolvidos no esquema, até o fim do inquérito. “Este tipo de ação preventiva é fundamental para a transparência do processo administrativo”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Hans Dohmman. Todos os indiciados pela Polícia Civil negam ter praticado os crimes.
Outro alvo da investigação dos agentes é o patrimônio do empresário dono da Extencion. Além de possuir cobertura avaliada em R$ 2 milhões no Condomínio Golden Green, na Barra, Jorge Figueiredo é proprietário de uma lancha no valor de R$ 1,2 milhão, salas em Vila Isabel que custam R$ 2,8 milhões e vários veículos, entre eles uma BMW X6 2010, que custa, aproximadamente, R$ 350 mil. Outros dois veículos de Jorge foram avaliados em cerca de R$ 300 mil.
O delegado Fábio Cardoso pediu a prisão dos cinco envolvidos no esquema, mas a Justiça concedeu apenas 15 mandados de busca e apreensão contra os suspeitos. No entanto, a Polícia Civil chegou a prender Jorge Figueiredo em flagrante, depois que foram encontrados dois revólveres em sua residência. O empresário, entretanto, foi posto em liberdade ontem mesmo, depois de pagar fiança.
Enquanto isso pacientes morrem nas macas à espera de tratamento, idosos, e crianças morrem por causa de remédios que não chegam à eles. Esses putos tem grana, logo logo estarão novamente nas ruas, se é que serão presos, aliás.