terça-feira, 19 de outubro de 2010

Petrobras e BB custeiam revista acusada de "pró-Dilma", diz jornal

A edição deste mês da Revista do Brasil, ligada à Central Única do Trabalhador (CUT), e que foi proibida de circular pela Justiça Eleitoral por apresentar conteúdo favorável à campanha da presidenciável petista Dilma Rousseff, teve anúncios pagos pela estatal Petrobras e pelo Banco do Brasil, segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo desta terça-feira (19).
A revista, que apresenta tiragem de 360 mil exemplares por mês, foi proibida de circular na última segunda-feira (18) pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Joelson Dias, mas já teve todas as suas revistas distribuídas, de acordo com o responsável pela publicação, Paulo Salvador. Segundo reportagem do jornal, a estatal e o banco confirmaram que são anunciantes da revista, mas não repassaram o valor que pagam.
Procurado pelo jornal, Paulo Salvador disse que a revista "não é da CUT", que apenas tem "afinidades" com a central. Segundo o responsável pela revista, a publicação conta com mais anunciantes públicos do que privados, e não acha que apresente conflitos o fato de receber recurso público e ter sua revista contestada por suposta campanha em favor da presidenciável petista. Em resposta ao jornal, o Banco do Brasil afirmou que "os critérios para veiculação de anúncios estão ancorados no relacionamento com os públicos da revista" e a Petrobras afirmou que veicula anúncios e campanhas em diferentes meios de comunicação, para fortalecer sua imagem. Segundo o jornal, a estatal disse que "a veiculação de anúncios na Revista do Brasil possibilita à companhia divulgar suas ações para um público formador de opinião dos principais sindicatos de todo o país".
A decisão de proibir a circulação da revista atende um pedido da coligação encabeçada pela candidatura de José Serra (PSDB) à presidência. O ministro responsável entendeu que a revista ligada à CUT faz uma defesa aberta da candidatura de Dilma, fato proibido pela Lei Eleitoral - sindicatos não podem contribuir, direta ou indiretamente, com campanhas políticas. A revista traz matérias como "A vez de Dilma - o país está bem perto de seguir mudando para melhor".

Gráfica que imprimiu planfletos anti-Dilma é de tucana

Dona da empresa  é irmã do coordenador de infraestrutura da campanha de José Serra

A Gráfica Pana, localizada no bairro do Cambuci, em São Paulo, responsável pela impressão dos folhetos com propaganda acusando a candidata do PT à presidência Dilma Rousseff de ser a favor do aborto, pertence à Arlety Satiko Kobayashi, irmã do coordenador de infraestrutura da campanha do José Serra (PSDB) Sérgio Kobayashi.

Uma denúncia anônima levou integrantes do diretório do PT na Vila Mariana à porta da gráfica Pana no sábado 16. Os militantes tentaram impedir a distribuição dos panfletos. CartaCapital acompanhou o caso junto aos integrantes do partido que conseguiram entrar na gráfica e filmar o material. Em seguida, registraram um Boletim de Ocorrência na polícia.

A Polícia Federal apreendeu, no fim de semana, 1 milhão de panfletos com propaganda anti-Dilma. A encomenda era de 20 milhões de panfletos que seriam distribuídos nas igrejas após a missa de domingo 17.O folheto estava assinado pela Regional Sul 1 da CNBB, que divulgou nota negando a sua resposabilidade sobre o material.

A assessoria de imprensa tucana negou haver relações entre a campanha de Serra e a impressão dos folhetos. A apreensão foi determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após pedido do PT, por meio de uma representação. Além de apurar o crime de difamação, o PT pede ao TSE que investigue quem pagou a impressão dos folhetos.